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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

COMIDAS QUE VICIAM

"Não existe amor mais sincero do que aquele pela comida"
George Bernard Shaw (1856-1950),
escritor satírico e dramaturgo irlandês.


Estudos da Sociedade de Neurociências de Chicago (EUA), já desde outubro de 2009, publicados pela primeira vez, mostraram os efeitos em ratos, provocados pela dependência de determinados alimentos, como se fosse um vício, com surgimento de obesidade e todas as consequências funestas ao facilitar o surgimento de outras doenças.

Pesquisas com ratos comprovaram o modo como eles adquiriram o hábito de comer por compulsão vários alimentos selecionados, principalmente os que continham os mais altos teores de gorduras e calorias.

Outro trabalho recente dos pesquisadores americanos do  Scripps  Research Institute, na Flórida (EUA), Paul  M. Johnson e Paul J. Kenny foi publicado na revista Nature Neuroscience. Nesta pesquisa, que levou 3 anos para ser concluída, os autores utilizaram 3 grupos de ratos.Um dos grupos  foi induzido a ingerir cocaína ou heroína e outro grupo foi induzido a comer sempre determinados alimentos. O terceiro grupo podia comer de tudo. Tanto um grupo como o outro criaram uma compulsão que chegou a um estado vicioso, sendo pior no terceiro grupo, que ficou com sobrepeso.

Esse trabalho pioneiro mostrou como são prejudiciais ao organismo as chamadas comidas “junk-foods” – comidas porcarias – bem como os chamados “fast-foods” - comidas rápidas –cuja composição leva muito pão,queijos gordos, gorduras em geral de embutidos como salsicha, bacon e presunto, bem como os bolos de chocolate e a famosa “cheese cake”.  Essa questão  foi mostrada  em um filme “A dieta do palhaço”, já visto no Brasil (existe em DVD), onde o próprio diretor do filme se sujeitou a comer durante 30 dias só em lanchonetes. Ficou com altas doses de colesterol ruim (LDL), baixa taxa de bom colesterol (HDL) e aumentou seu peso geral, surgindo hipertensão arterial.

Uma importante conclusão que se pode tirar dessa pesquisa é a de que tanto a dependência das drogas como dos alimentos tem um mesmo mecanismo cerebral. Os ratos apesar de sofrerem choques elétricos para não mais comer, continuavam comendo pelo prazer que sentiam. Este prazer é o mesmo exercido pelas drogas e é comandado por um neurotransmissor no cérebro chamado dopamina 2, muito conhecido pelos médicos. É o mesmo neurotransmissor que provoca o prazer sexual e o estímulo para o consumo cada vez maior para drogas.

A transposição destas experiências para os humanos é fácil de avaliar, pois a dopamina é um desses  neurotransmissores do cérebro humano. Também se pode inferir como pode surgir a obesidade, incluindo a obesidade abdominal, e a dificuldade de a pessoa perder peso. Como em outros temas apresentados , já constatamos o perigo da obesidade abdominal ,tanto para crianças, homens e mulheres, com a possibilidade maior de surgirem doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVC). E o aumento dos obesos é cada vez mais crescente. Basta ver nas ruas, adolescentes, bem como homens e mulheres na faixa dos 50 anos ou mais. Também é um problema para as pessoas que já chegaram à chamada terceira idade. Se estas pessoas nunca sofreram nenhuma doença, o excesso de peso com o passar do tempo, acarretará o aparecimento de hipertensão arterial e diabetes.

Para prevenir, recomendamos seguir algumas  orientações principais,  para sempre:

1. Se for hipertenso, continue tomando os medicamentos receitados pelo seu médico. Não pare mesmo que a pressão já tenha chegado aos níveis aceitáveis.

2. Se estiver com tendência a engordar, peça ao seu médico para lhe explicar como medir a curvatura abdominal. As medidas aceitas atualmente são: para homens até  100 cm e para mulheres  88 cm.

3. Seu médico também pedirá alguns exames de sangue essenciais como hemograma, colesterol e frações, triglicérides e glicemia, entre outros.

4. Se for diabético , continue tomando os  remédios e faça o regime com a orientação do médico  ou nutricionista. Nunca faça uma dieta da moda.

5. Exercícios físicos e caminhadas diárias de 20 a 30 minutos são indispensáveis. Se chover, faça em casa um exercício com pesos leves ou esteira.

6. Não esqueça  de  ter os seus prazeres pessoais ao alimentar-se, desde que não sejam os viciantes.  Coma com moderação.

7. Também mantenha, na medida do possível, uma vida sexual ativa e saudável, adaptada à sua idade.

A recompensa virá nos anos proveitosos e felizes que se seguirão para desfrutar até – quem sabe? - os 100 anos ou mais.

Luiz Freitag
Autor do livro “Como transformar a terceira idade na melhor idade”. Ed. Alaúde  (SP). Membro titular da Academia de Medicina de S.P.

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