"Ser otimista, conseguir controlar os impulsos e saber dosar as emoções são atitudes que indicam maior capacidade para superar adversidades e seguir em frente."
Pessoas
resilientes possuem capacidade acentuada de se recuperar e seguir em frente
diante de adversidades
O
exemplo do compositor alemão Beethoven, que criou a Nona Sinfonia quando já
estava surdo e bastante debilitado, talvez seja o mais simbólico quando se fala
em resiliência – que nada mais é do que uma capacidade acentuada de se
recuperar e seguir em frente diante de adversidades. Pessoas resilientes são
como um elástico: depois de esticado, ele consegue voltar ao seu formato
original.
“Esses indivíduos, ao invés de sucumbirem
ao sofrimento, renascem, saem com ganhos, com mais força ainda”, explica a
psicóloga Ceres Alves de Araujo, co-autora do livro “Resiliência: Teoria e
Práticas de Pesquisa em Psicologia” (Ithaka, 2011) e coordenadora do grupo de
Resiliência da Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP).
Mas por que existem pessoas que conseguem
enfrentar melhor as adversidades e ainda saem mais fortalecidas dessas
experiências? Apesar de todos nascerem dotados com a capacidade de resiliência,
a experiência de vida e, principalmente, o modelo de educação na infância
influenciam bastante. “Tudo vai depender de como a pessoa foi criada, de como
ela desenvolveu seus recursos internos emocionais, se, desde pequena, aprendeu
a enfrentar frustrações e a batalhar pelas coisas”, explica a psicóloga Marina
Vasconcellos, terapeuta de adultos e casais.
Daí a
importância de os pais
não superprotegerem os filhos . Na intenção de que não
passem por sofrimentos, podem gerar adultos frágeis que não conseguem lidar com
obstáculos. “Um ambiente ‘cor-de-rosa’ é a pior coisa para uma criança. É
importante que ela, desde cedo, possa exercer a resiliência e enfrentar
situações estressantes que a vida traz para todo mundo”, aconselha Ceres.
Rejeitado
Foi assim com o médico anestesista Alexis
Gentil, de 31 anos, que aprendeu a ser resiliente desde a infância. Aos seis
anos, enfrentou a primeira grande adversidade ao ser deixado pela mãe, doente e
sem trabalho, sob os cuidados – e a contragosto – do pai e da madrasta.
Rejeitado, foi morar com os irmãos em um bairro pobre de Brasília. Aos 16 anos,
Gentil se viu no papel de pai adolescente. Mesmo com discussões em família e
dificuldades financeiras, continuou firme nos estudos e com o sonho de cursar
medicina.
Apesar dos inúmeros obstáculos, Gentil conta
que nunca desanimou e, em nenhum momento, sentiu-se vítima da situação. Sempre
com bom humor e otimismo, seguiu em frente na busca de seus objetivos, sem
desanimar. “Aos olhos dos parentes mais próximos e da sociedade, eu e meus
irmãos éramos coitados. Tínhamos muitos motivos para nos revoltarmos ou nos
marginalizarmos. Isso não aconteceu. Simplesmente seguimos a vida”, diz ele,
que hoje é casado e pai novamente.
O otimismo do médico é uma das
características mais marcantes nas pessoas resilientes. Ao invés de reclamarem,
superam a situação adversa com certa facilidade e ainda conseguem ver o lado
bom do acontecimento. “O resiliente aprende com o sofrimento e vai cicatrizando
as feridas, sempre tirando uma lição positiva”, explica a psicóloga Marina.
Impulsos
Além do otimismo, os resilientes também têm
maior capacidade de controlar os impulsos e regular as emoções. Por isso,
dificilmente alguém verá uma cena em que ele terá um comportamento explosivo ou
discussões mais fervorosas. Também são comumente dotados de persistência,
disciplina, generosidade, capacidade amorosa, disponibilidade para o novo e
capacidade de adaptação.
De acordo com Ceres de Araujo, as pessoas
dotadas de resiliência possuem uma visão macro do problema, conseguem
identificar claramente a sua própria responsabilidade na situação e, se
necessário, são capazes de modificar o comportamento para que aquilo não ocorra
de novo.
Enviado pelo Ir.'. Salvador Gallotta
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