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sábado, 22 de junho de 2013

EMPATIA

Lá pelo século II ou III, o império bizantino ia se cristianizando. Aya Sofia já havia sido construída.O imperador havia proibido o uso de ícones (imagens). Vem daí, inclusive, a palavra iconoclasta. Diz, então, a história que havia uma mulher em Constantinopla que era lavadeira. E todos  os seus amigos e parentes estavam deixando os antigos deuses do Olimpo pelo novo Deus cristão.
A lavadeira, entretanto, afirmava que não podia amar e seguir aquele Deus. Pois ele não tinha rosto. Se, um dia, Lhe visse a face, O seguiria.
Então, conta o historiador,certa manhãzinha , estava ela lavando a roupa junto ao riacho, quando viu o objeto descendo pela correnteza. Ao apanhá-lo, viu tratar-se de um ícone. Um ícone  representando a face do Cristo. Como a bela obra estava muitíssimo molhada, e não lhe restasse peça de roupa seca, levou-o ao peito para secar em suas próprias vestes.
Para seu espanto, o rosto pintado no ícone reproduziu-se em seu colo.
Ah! O nome de nossa lavadeira era Empatia. Um nome grego, substantivo próprio, feminino.
Conta-se que este fato foi tão comentado em todo o território do império, que abriu-se um processo para investigá-lo. Os documentos deste processo permanecem arquivados em Aya Sofia, A Sagrada Sabedoria,em Istambul. Aquele belo prédio com minaretes.No tempo desta história, era uma igreja. Depois foi uma mesquita. Hoje, é museu.
Deste tempo em diante, o povo passou a chamar empatia esta capacidade  humana de aconchegar o outro, de trazer o outro ao peito, de ser um com o outro.
Nobre herança. Empatia, do grego empátheia. Gesto de recebimento. De amor incondicional.
            Empatia, a marca do herói, do líder, do Ser que faz diferença no mundo porque o constrói com olhar novo.Com coração pulsante. Com  amoroso cuidado. Outro nome para comprometimento.
            Empatia, nome de mulher simples, lavadeira. Nome de quem transcende sua condição e muda  o mundo.
Nas palavras de um homem sábio: “Só aquele que arde de paixão, pode ele também , incendiar o mundo.”
   
Empatia, a virtude de quem sabe acolher, e , portanto, transcender.E, porque transcende, incendeia. A virtude de quem tem  a inocência primordial no olhar.

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