Lá pelo século II ou III, o império bizantino ia se
cristianizando. Aya Sofia já havia sido construída.O imperador havia proibido o
uso de ícones (imagens). Vem daí, inclusive, a palavra iconoclasta. Diz, então,
a história que havia uma mulher em Constantinopla que era lavadeira. E
todos os seus amigos e parentes estavam deixando os antigos deuses do
Olimpo pelo novo Deus cristão.
A lavadeira, entretanto, afirmava que não podia amar e
seguir aquele Deus. Pois ele não tinha rosto. Se, um dia, Lhe visse a face, O
seguiria.
Então, conta o historiador,certa manhãzinha , estava ela
lavando a roupa junto ao riacho, quando viu o objeto descendo pela correnteza. Ao
apanhá-lo, viu tratar-se de um ícone. Um ícone representando a face do
Cristo. Como a bela obra estava muitíssimo molhada, e não lhe restasse peça de
roupa seca, levou-o ao peito para secar em suas próprias vestes.
Para
seu espanto, o rosto pintado no ícone reproduziu-se em seu colo.
Ah!
O nome de nossa lavadeira era Empatia. Um nome grego, substantivo próprio,
feminino.
Conta-se que este fato foi tão comentado em todo o
território do império, que abriu-se um processo para investigá-lo. Os
documentos deste processo permanecem arquivados em Aya Sofia, A Sagrada
Sabedoria,em Istambul. Aquele belo prédio com minaretes.No tempo desta
história, era uma igreja. Depois foi uma mesquita. Hoje, é museu.
Deste tempo em diante, o povo passou a chamar empatia esta
capacidade humana de aconchegar o outro, de trazer o outro ao peito, de
ser um com o outro.
Nobre
herança. Empatia, do grego empátheia. Gesto de recebimento. De amor
incondicional.
Empatia, a marca do herói, do líder, do Ser que faz diferença no mundo porque o
constrói com olhar novo.Com coração pulsante. Com amoroso cuidado. Outro
nome para comprometimento.
Empatia, nome de mulher simples, lavadeira. Nome de quem transcende sua
condição e muda o mundo.
Nas
palavras de um homem sábio: “Só aquele que arde de paixão, pode ele também ,
incendiar o mundo.”
Empatia,
a virtude de quem sabe acolher, e , portanto, transcender.E, porque transcende,
incendeia. A virtude de quem tem a inocência primordial no olhar.
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