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terça-feira, 5 de novembro de 2013

A COMPLACÊNCIA



 
Homero Avila
A revolta social ocorrida em nosso país, hoje travestida e transformada em bandos de saqueadores mascarados, é a mais surpreendente que já ocorreu por aqui.

De repente surgiu uma população nas ruas que parecia ter se libertado da masmorra e encontrado a luz. Parecia!

Mas, foi só.

Em princípio a série de manifestações causou surpresa porque sempre fomos uma população que dificilmente se revolta e sai às ruas para defender seus direitos.

Hoje é comum contemplar diariamente, pela TV, depredadores do patrimônio e da ordem pública.

Uma coisa não se pode negar: os “protestos” foram e continuam sendo um ótimo sinal, mas somente para aqueles que conseguem formar sua própria opinião.

O problema é que no meio da multidão que se lança nas ruas, existe uma boa parcela da população carente de decisão e coragem para fazer uso de seu próprio entendimento sem a orientação alheia. Esses, fazem parte da massa de manobra política.

Também paira no ar um certo comodismo contemplativo que se forma a partir da desinformação orquestrada que tem como consequência a aceitação pacífica de tudo.

Necessitamos da uma cura para esse mal!

Do contrário, ver-se-á a ascensão de um reinado gramsciniano de desordeiros mascarados, cujo preço será a nossa própria segurança, em que pese tudo quanto já pagamos pelo “socialismo à brasileira” imposto pelos governantes eleitos.

Certa feita, Olavo de Carvalho, brasileiro e pensador contemporâneo, falando a respeito da falta de esclarecimento e suas consequências nefastas à vida de um povo, traçou uma analogia tão engraçada quanto verdadeira. Dizia ele que em certos casos a natureza havia contemplado algumas mulheres com o hímem complacente, mas que somente ao povo brasileiro havia feito farta distribuição da complacência retal, tamanha a capacidade dessa gente para suportar tudo quanto lhe empurram, às vezes também goela abaixo...

Pois bem.
 
Não bastasse a complacência dimensional, sobrevém agora a “complacência múltipla”.

Numerosos grupos de mascarados aparecem do nada para estuprar a sociedade diariamente, saqueando, quebrando e incendiando, sob o falso pretexto de mais uma vazia “manifestação”, cuja finalidade é somente aterrorizar a população.

O resultado disso já aparece escrito no céu de ocaso muito mais avermelhado que o normal, pintado por pouco mais de uma dúzia de estrelas que anunciam uma longa e fria noite que mais uma vez avança.
 
Aqueles bem intencionados “protestos” iniciais que encostaram muitos políticos salafrários na parede foram por eles absorvidos e transformados numa droga letal.
 
A alquimia política dos corruptos produziu um forte antídoto para o legítimo clamor social.
 
A população, anestesiada e inebriada já não vê graça nenhuma nos “protestos”.

E nem poderia ser diferente diante de tantos “estupros” diários.

Alguns poderão dizer: mas e daí?

Daí que os tais “protestos” já encheram o saco.

Ninguém quer mais ficar parado no trânsito ou correr riscos desnecessários. Menos ainda ver ônibus incendiados, comércios saqueados e polícia apedrejada estourando bombas.

Vistos de um lado, os “protestos” hoje em dia não passam de um estéril quebra-quebra de rua com direito a gás lacrimogênio e cortina de fumaça.

Vistos do outro da cortina de fumaça os protestos atuais, por si, nos avisam dos fins obscuros pretendidos pelos mandantes, ou seja, provocar na população a turbidez de visão e o sentimento crescente de que as boas intenções nesse país acabam abrindo as portas ao oportunismo impune de vagabundos e ladrões, antes apenas ousados e gananciosos, agora também violentos e covardes.
 
E assim o tempo passa.

Percebeu?

Nosso remédio foi e continua sendo usado contra nós mesmos em doses exponencialmente maiores.

Das legítimas manifestações iniciais nenhum governante precisou se defender de seus erros, nenhum governante precisou atender reivindicação alguma e nenhum governante corrupto foi punido...

Sobrou só o quebra-quebra e a pancadaria.

E os vinte centavos!?!!?

Bem, aqui em São Paulo os vinte centavos foram transformados em IPTU que em muitos casos passará dos 40% de aumento, por sinal aprovado durante uma covarde e oportunista votação plenária de última hora.
 
A população segue desinformada e já alcançada por um letárgico cansaço decorrente do excesso de exposição “manifestante”, mais uma vez se valendo de sua "complacência" para se curvar e aceitar pouca insistência...

Trocamos vinte centavos por 40%, ao passo que não poderia ser nem um nem outro.

Que Deus ilumine o Ministério Público e a Justiça para que impeçam de levarem nosso suado dinheiro embora.

Senão “senta e chora”, ou, saia do comodismo, diga não, se liberte, não caia nessa armadilha, ainda há tempo.

Finalmente, para não dizer que não falei das flores, lugar de arruaceiro mascarado é na cadeia (e sem complacência).

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