Até o fim do século XIX os idosos eram considerados uma boa fonte de informações para esclarecer os mais diversos assuntos. Não havia computadores, internet ou outros meios disponíveis neste século XXI.
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Dr. Luiz Freitag Médico Geriatra |
As pessoas, em geral, muitas vezes recorrem à memória como um guia mas se queixam de não lembrar de vários de vários fatos ou textos necessários para os estudos. A partir dos sessenta anos pioram as dificuldades para memorizar, não para todos. Hoje em dia não se pode afirmar que com o passar dos anos as lembranças vão desaparecendo. O que ocorre é que o próprio cérebro vai selecionando o que é melhor conservar para determinado indivíduo, de acordo com as ligações com outras recordações que ele tiver.
Mesmo no Brasil são conhecidas pessoas com mais de oitenta anos que mantém a memória em bom estado, digamos assim. É claro que estamos nos referindo a homens e mulheres com boa saúde, mesmo se mantida com medicamentos. Pequenos lapsos de memória se repetidos diariamente devem ser investigados, não só nos idosos a partir de 60 anos como nos mais jovens.
O que sempre chama mais atenção é a perda de lembranças para fatos corriqueiros recentes e depois para os mais antigos. Nessa situação, vamos nos deter um pouco sobre a doença de Alzheimer. O que se sabe até hoje é que ela é causada por encurtamento do número de neurônios com lesão no telômero (parte final de um neurônio) e pelo aparecimento de uma proteína, que se deposita no cérebro, denominada beta-amilóide. Muitas pesquisas estão sendo realizadas para descobrir como combater essa proteína.
O primeiro caso relatado foi pelo médico alemão Alois Alzheimer em 1910 em uma costureira de baixa renda e intelecto pouco desenvolvido. A partir daí se associou a doença às classes mais pobres e com menor estudo.
Após cem anos, essa informação já não se sustenta mais pois sabemos de inúmeros casos, tanto no Brasil como em outros países, de portadores de Alzheimer muito inteligentes e com grande bagagem cultural. O que se pode dizer atualmente é que esta doença está relacionada com a idade avançada, na maioria dos casos relatados.
Nos Estados Unidos existe a Associação dos portadores de Alzheimer, que publicou um texto contendo 10 sinais mais conhecidos para identificar a doença:
1. Perda de memória- é a mais significativa e piora com o passar dos dias;
2. Grande dificuldade em solucionar pequenos problemas do dia a dia;
3. Dificuldade em completar pequenas tarefas como programar o micro-ondas;
4. A pessoa começa a confundir a passagem do tempo, não consegue lembrar o dia de hoje, não sabe em qual mês está,não acerta um caminho que era conhecido;
5. Visão prejudicada em identificar pessoas e, em estágio mais avançado, a própria pessoa não mais se reconhece no espelho;
6. Problemas para manter uma conversação em grupo;
7. Coloca coisas fora do lugar de sempre e não encontra. Acusa outras pessoas de estarem roubando seus óculos ou seu dinheiro;
8. Perda da noção de asseio diário. Faz uma grande dívida sem ter como pagá-la;
9. Começa a se afastar dos amigos, parentes ou até filhos. Perde o convívio social;
10. Apresenta alterações de humor, fica confusa ,deprimida,com medo de que vá acontecer alguma desgraça para ela.
Todos estes itens devem ser avaliados por um médico neurologista ou psiquiatra para estudo do caso.
Recentemente, foi divulgada notícia sobre uma pesquisa pioneira nos Estados Unidos, com teste sanguíneo para avaliar se, em três anos próximos, um paciente poderá desenvolver a doença de Alzheimer. Vamos aguardar os resultados.
Luiz Freitag
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