No dia 31 de outubro, aqui no Brasil celebra-se o DIA DO SACI um dos mais tradicionais seres do nosso folclore.
O famoso Halloween, ou Dia das Bruxas, é uma comemoração tipicamente norte-americana, que todos já devem ter visto em filmes e programas de televisão.
Não é que seja errado participar do Halloween, mas — cá entre nós — o Saci-Pererê tem muito mais a cara do Brasil...
O Saci é um neguinho sapeca que mora na floresta, fuma cachimbo, usa um gorro vermelho e perdeu uma das pernas lutando capoeira.
É muito engraçado e não causa medo nas crianças, se diverte com as próprias aprontações: rouba e esconde as coisas dos outros, espanta animais no pasto, puxa rabo de gato, dá nó na crina dos cavalos, cutuca o fiofó dos cachorros e entra nas casas enquanto as pessoas dormem para fazer bagunça... Apesar das brincadeiras, não faz nada com o objetivo de prejudicar alguém ou fazer o mal.
O contraponto, ou seja, o “raloin” é uma tradição americana que acabou sendo importada através do cinema e absorvida pela dinâmica fractal do consumismo, mais uma data para vender mais coisas. Lá, é uma festividade que acontece na véspera do dia de todos-os-santos - "All Hallows' Evening", que sanfonou-se no termo "raloin" (Hummm, te incomoda que eu grafo Halloween em "brasileiro"?).
O que pouca gente sabe é que se originou de uma tradição pagã (não-cristã), levada pelos imigrantes irlandeses para os EUA. Assim, essa comemoração possui raízes culturais celtas onde há séculos se realizava o Samhain, um festival que celebra o final da colheita e a preparação comunitária para o inverno que se aproximava: neste período matavam seus animais de criação, preparavam embutidos e charques e estocavam alimentos, queimando os restos em grandes fogueiras...
Com tantos ossos e caveiras em chamas, não é difícil imaginar como surgiu a crendice de que, na noite de todos-os-santos apagava-se a "fronteira" entre o mundo dos vivos e o dos mortos e os maus espíritos podiam atacar causando doenças ou prejudicando a safra...
Dias desses estava eu pensando em nosso Saci, mais precisamente numa das coisas que ele mais gosta de fazer que é colocar sal na comida doce e açúcar nos pratos salgados para irritar as pessoas. Imagino que no dia de seu aniversário o “safado” deve aprontar das suas colocando sal nos doces das crianças do ”raloin” por terem trazido a comemoração das abóboras para cá e aos poucos se esquecendo dele. Bem feito! Quem mandou fazerem pouco do Saci...
O Saci, é nosso, tem raiz. É brasileiro, não é chato, não toca campainha de ninguém, não fala inglês, nem pede nada. Segundo a lenda protege um de nossos bens mais preciosos, nossas plantas e florestas.
Feliz dia do Saci!
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