Quando nosso novo mestre de "Introdução ao Direito" entrou na sala naquele 20 de agosto, após uma pequena pausa, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila.
- Qual o seu nome, filho?
- Hiram, senhor. (Respondeu-lhe prontamente o aluno).
- Saia de minha aula Hiram e não quero que volte nunca mais! (gritou o mestre).
Desconcertado, Hiram recolheu suas coisas e saiu da sala. Todos nos ficamos envoltos por um pesaroso silêncio; estávamos na verdade indignados, mas ... ninguém falou nada, tínhamos que nos preocupar com nossos estudos.
Logo em seguida, o mestre perguntou à classe:
- Para que servem as leis?
Assustados, começamos a responder:
- Para que haja uma ordem em nossa sociedade, disse alguém.
- Não! respondeu o mestre.
- Para cumprí-las.
- Não!
- Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.
- Não! Será que ninguém vai saber me responder?
- Para que haja justiça, falou timidamente um aluno que se sentava no fundo da classe, parecia até que tomava conta da porta...
- Ufa ! Até que enfim!
- É isso mesmo:- Para que haja justiça !
E continuou:
- Para que serve a justiça?
Mesmo incomodados pelo comportamento grosseiro daquele mestre, respondemos:
- Para salvaguardar os direitos humanos.
- Muito Bem; e o que mais?
- Para mostrar a diferença entre o certo e o errado.
- Para premiar a quem faz o bem.
- Não está nada mal ! (comentou nosso mestre).
- Agora me respondam:-
“Agi corretamente ao expulsar Hiram da sala de aula?”
- Todos ficamos calados.
- Quero que todos respondam ao mesmo tempo! “Sim ou Não?”
- Não! (foi a resposta dada em Uníssono)
- “Poderia se dizer que cometi uma injustiça?”
- Sim! (foi a resposta em côro)
- Então por que ninguém fez nada?
“Para que servem as leis se não nos dispomos a colocá-las em prática?”
- Tenham sempre em mente:-
“Todos nós temos o dever de reclamar quando presenciarmos uma injustiça.”
- Após uma pausa mais demorada, acompanhada de um profundo silêncio, o mestre olhou em sua volta e dirigindo-se a mim ordenou:
- Vá buscar Hiram!
Naquele dia recebemos a lição mais importante do curso de Direito:
Quando não defendemos nossos direitos, perdemos a dignidade.
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