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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A parábola do Grande Inquisidor



Na parábola do Grande Inquisidor, no livro Os Irmãos Karamazov, Dostoievski descreve Jesus novamente entre nós, no século XVI. Ele havia voltado à terra e andava incógnito na multidão, mas todos o reconheciam e sentiam o seu poder, mas ninguém se atrevia a pronunciar o seu nome. Não era necessário. De longe o Grande Inquisidor o observa no meio da multidão e ordena que ele seja preso e trazido à sua presença. No cárcere, diante de um prisioneiro silencioso, ele profere uma longa acusação.

Em um trecho, o inquisidor questiona o legado de liberdade deixado por Jesus aos seus...
"Sem uma idéia nítida da finalidade da existência, prefere o homem a ela renunciar e se destruirá em vez de ficar na terra, embora cercado de montes de pão. Mas que aconteceu? Em lugar de te apoderares da liberdade humana, tu ainda a estendeste! Esqueceste-te então de que o homem prefere a paz e até mesmo a morte à liberdade de discernir o bem e o mal? Não há nada de mais sedutor para o homem do que o livre arbítrio, mas também nada de mais doloroso. E, em lugar de princípios sólidos que teriam tranqüilizado para sempre a consciência humana, tu escolheste noções vagas, estranhas, enigmáticas, tudo quanto ultrapassa a força dos homens e com isso agiste como se não os amasses, tu, que vieras dar tua vida por eles! Aumentaste a liberdade humana em vez de confiscá-la e assim impuseste para sempre ao ser moral os pavores dessa liberdade.

(...)

...o inquisidor se cala, espera um momento a resposta do prisioneiro. Seu silêncio lhe pesa. O cativo escutou-o todo o tempo, fixando-o com seu olhar penetrante e calmo, visivelmente decidido a não lhe dar resposta. O velho queria que ele lhe dissesse alguma coisa, ainda mesmo palavras amargas e terríveis. De repente, o prisioneiro aproxima-se em silêncio do nonagenário e beija-lhe os lábios exangues. É toda a sua resposta.”

Esse trecho do texto de Dostoievski traz uma instigante provocação ao valor do livre arbítrio, ao que fazemos da liberdade que nos foi dada pela Criação.
Na forma literária escolhida por Dostoievski, o monólogo, apenas o inquisidor fala. O prisioneiro se cala, não responde... Não é necessário. Como disse Ernest Renan “será punido  como todas as almas vulgares são punidas – pela sua própria vulgaridade...”


Leia o poema inteiro em: http://pt.scribd.com/doc/4840189/Fiodor-Dostoievski-O-Grande-Inquisidor

Um comentário:

  1. Valeu Rodrigão, a estreia não poderia ter sido melhor. Bela escolha temática sobre o Livre Arbítrio.

    TFA

    Homero Avila

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