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domingo, 30 de março de 2014

RISCO DE GUERRA CIVIL LEVOU À VIOLÊNCIA DO ESTADO MILITAR

Luiz Eduardo Rocha Paiva
Especial para o UOL 27/03/2014 - 06h00




FONTE:


Nos anos 1960 e 1970,a Guerra Fria importou o conflito ideológico, chamado "guerra suja", para toda a América Latina. Caracteriza-se pela extrema e mútua brutalidade, cenário favorável à ação de extremistas à direita e à esquerda. A descentralização, amplitude e dinâmica das ações dificulta seu controle na ponta da linha em ambos os lados.

Guerrilhas começam fracas, mas sempre violentas. Se conquistar o apoio da população, se fortalece, escala a violência e pode estender o conflito por décadas. Ao final, se o socialismo tomar o poder patrocinará um banho de sangue como foi nos países onde venceu.

Em todos os casos históricos, a guerra contrarrevolucionária foi violenta, mas nenhuma foi menos traumática do que a brasileira. Mesmo assim, se desfiarmos o novelo de maldades de ambos os contendores, o quadro será constrangedor.

A Comissão da Verdade, ao investigar os crimes hediondos apenas dos agentes públicos, esconde as atrocidades cometidas pela luta armada, e isso não é justo nem legítimo.

RETRATAÇÃO

"Existe uma orquestração socialista para que as Forças Armadas peçam desculpas à nação por violações cometidas por militares na defesa da lei, da ordem e das instituições."

Não defendo crimes hediondos de nenhum dos dois contendores, mas sim a Lei de Anistia e o conhecimento imparcial da verdade dos fatos.

No Brasil havia um "centrão democrático" onde estavam o governo e a oposição legal, ambos querendo paz e redemocratização.

À direita do governo e à esquerda da oposição havia extremistas que cometeram violações.

Existe uma orquestração socialista para que as Forças Armadas peçam desculpas à nação por violações cometidas por militares na defesa da lei, da ordem e das instituições, como se fossem norma institucional e não desvios individuais.

Luta armada

E o que dizer da esquerda armada, cujo propósito era implantar um Estado totalitário e, incoerente com o que orquestra, empregava terrorismo, sequestro, tortura e execuções? Ela não tem legitimidade para fazer essa cobrança de quem a derrotou e a anistiou, em vez de promover o banho de sangue como ela faria, e como os socialistas fizeram em Cuba, na URSS e na China.

CULPADOS

"A esquerda jamais pedirá  desculpas por retardar a redemocratização, criar o conflito que enlutou muitas famílias, cometer crimes hediondos e tentar liquidar a democracia."

Os socialistas intensificaram a luta armada quando o governo Costa e Silva ensaiou a abertura democrática. A resposta de Marighela no Manual do Guerrilheiro Urbano foi: "atacando de coração essa falsa eleição e a chamada solução política, o guerrilheiro urbano tem que se fazer mais agressivo e violento, girando em torno da sabotagem, terrorismo, expropriações, assaltos, sequestros e execuções".

Pois esse falso herói é o ícone da esquerda e vem dando o nome a locais públicos em todo o Brasil. Portanto, os socialistas não evoluíram.

Essa esquerda, mestra da hipocrisia e falsidade, jamais pedirá as devidas desculpas por retardar a redemocratização, criar o conflito que enlutou muitas famílias, cometer crimes hediondos e tentar liquidar a democracia.

Acusa os adversários por aquela que é a sua maneira violenta, totalitária e liberticida de ser e agir. Por que as vítimas, se militantes da luta armada, são casos emblemáticos? Com certeza porque defendiam a revolução comunista e pertenciam a uma pretensa elite intelectual marxista-leninista.

Lamento pelas famílias dos militantes mortos ou desaparecidos, mas lamento muito mais pelas vítimas de seus crimes e famílias, pois muitas ficaram com sequelas e outras nem souberam por que morreram.

Os torturados e assassinados pela luta armada, e suas famílias, nunca são lembrados nem indenizados. A mídia não mostra os dramas de famílias como as de: José Conceição (fazendeiro em SP)– torturado emorto a tiros pela ALN de Marighela; João Pereira (guia do Exército no Araguaia) – torturado e assassinado pelo PCdoB na frente dos pais. Cortaram suas orelhas, dedos e mãos, antes de enfiar-lhe uma faca.

MORTES

"Lamento pelas famílias dos militantes mortos ou desaparecidos, mas lamento muito mais pelas vítimas de seus crimes e famílias."

E também de Edson de Carvalho (jornalista) e Nelson Fernandes (almirante), ambos assassinados pela AP no atentado à bomba no Aeroporto de Guararapes, com 17 feridos.

Fui observador militar da ONU em El Salvador, onde em 12 anos de luta armada houve 70 mil mortos, 400 mil deslocados de suas terras e um milhão de refugiados nos EUA. Na Colômbia, são mais de 50 mil mortos em décadas de conflito inacabado.

Alguém preferiria estar na situação da Colômbia? Preferiria ter vivido o drama de América Central, Peru, Argentina, Uruguai e Chile? Todos com milhares ou dezenas de milhares de mortos?

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Já pensaram que seus filhos poderiam estar convocados para combater ao invés de estar estudando ou vivendo em paz com suas famílias? A violência do Estado não era por simples paranoia, pois o risco de uma sanguinária guerra civil revolucionária não permitia relaxar na segurança.

Ao cortar o mal na raiz, o Brasil escapou desse destino infeliz. Foram cerca de 520 mortos em confrontos nas áreas urbanas e rurais, sendo 400 da esquerda armada. Um alto custo para poucos, mas muito baixo para a Nação. E ainda acusam o regime militar de genocida!

O texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
Para enviar seu artigo, escreva para uolopiniao@uol.com.br

LUIZ EDUARDO ROCHA PAIVA
62 anos, general da reserva, é professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

sábado, 29 de março de 2014

AS ARTES DA IMAGINAÇÃO




JOSCELYN GODWIN

Tradução: S.K.Jerez


As Artes da Imaginação


Post do Ir.'.
João Fábio Giória
Como você faria para construir uma catedral em uma sociedade sem papel e amplamente ignorante? Os arquitetos modernos, certamente, desenhariam diagramas em escala e trabalhariam cada detalhe no papel para transmitir suas intenções ao construtor. Mas, em tempos antigos, todo o planejamento, desde a engenharia básica até os motivos decorativos, tinha que ser feito internamente, na mente do arquiteto. O “segredo maçônico” do arquiteto da antiguidade era que estava treinado para construir um edifício inteiro em sua imaginação, para que, uma vez começado o trabalho no local, pudesse dar instruções a cada ponto. Ao referir-se ao patrono guardado em sua memória, o arquiteto podia dizer-lhe a seus obreiros como devia ser cortada e colocada cada pedra.

Uma investigação inédita da Dra. Marsha Keith Schuchard, revelou as assombrosas conexões dos arquitetos da antiguidade com dois sistemas de trabalho mental, a meditação Cabalística e a Arte da Memória. Numa análise retrospectiva, faz todo sentido que os arquitetos da antiguidade tivessem desenvolvido a técnica da imaginação ativa muito mais do que somos capazes hoje. Também, dado que os antigos arquitetos, desde Stonehenge até Chartres, se ocupavam primordialmente de construções sagradas, é certo que suas imaginações estavam cheias de mitos e símbolos religiosos. A construção mental de templos e igrejas era inseparável da meditação no significado desses mitos, enquanto que o esforço intenso da imaginação podia facilmente passar a ser uma experiência visionária.

Os séculos doze e treze que viram o surgimento das catedrais no ocidente cristão também foram anos dourados para os cabalistas e sufis. A prática da imaginação ativa é a essência da Cabala, na qual o manejo mental de letras, números, e formas geométricas em duas e três dimensões supostamente leva à compreensão do plano criativo de Deus. Esse entendimento pode eventualmente levar ao cabalista à convicção de conhecer Deus. As mesmas técnicas eram praticadas pelos sufis, como foi mencionado no segundo artigo desta série (“Zoroastro”).

A Arte da Memória, conhecida pelos antigos, estava relacionada a estas práticas meditativas, mas era especificamente arquitetônica: sua técnica básica era imaginar uma construção, na qual as imagens simbólicas das coisas a recordar seriam postas, consecutivamente, nas paredes e nos aposentos. Na Idade Média do cristianismo ocidental, foram os judeus e os islâmicos, amiúde vivendo pacificamente lado a lado, que cultivaram tais técnicas e as artes a elas associadas: as matemáticas, a arquitetura e a engenharia. Elas passaram, com o tempo, ao mundo cristão e vieram a formar parte das ensinamentos secretas das guildas de maçons, cujas imagens revelam suas origens por serem tiradas exclusivamente do velho Testamento.

A tradição esotérica ocidental sempre enfatizou o uso da imaginação como o meio primordial de acesso aos mundos superiores. Todas as escolas esotéricas, até onde eu sei, instruem seus alunos na visualização e imaginação criativa. Os sentidos internos podem ser fortalecidos, da mesma forma que os músculos de um atleta ou a destreza de um músico são desenvolvidos através do treinamento. O tempo, o esforço e a dedicação que se requer são comparáveis, nos três casos, da mesma forma que a necessidade de uma predisposição genética.

Aqui, nosso interesse é em ambos os usos da imaginação: o esotérico como veículo para entrar nos mundos internos, e o exotérico, para a educação e a doutrinação. Há várias maneiras de estimular a imaginação, incluindo o jejum, a privação do sono e uma ampla série de drogas. A meta é superar sua usual imprecisão e aspecto confuso e conseguir um grau de clareza e realidade que rivalize com o estado de vigília.

Os monges irlandeses medievais foram dos primeiros e mais entusiastas exploradores do reino visionário, ao qual experimentaram de um modo semi-cristianizado ainda devido às tradições pagãs de sua terra. Era “outro mundo” bem definido, com suas próprias marcas (landmarks) e habitantes, incluindo as fadas e duendes, que encontraram seu lugar na cosmologia cristã como anjos caídos. Usualmente se chega ao Outro Mundo depois de uma viagem imaginária por mar para o Ocidente. Está tão cheio de aventuras quanto a própria Irlanda, porém mais cheio de santidade, onde o viajante amiúde se encontra com espíritos não caídos vivendo em jardins edênicos onde são celebrados uma liturgia de canto e uma dança sagrada. Tudo nesse mundo é mais cristalino, as frutas mais deliciosas, os animais e os pássaros mais mansos e dotados da fala.

Naturalmente as viagens irlandesas seriam hoje fantasias ou ficções, e culminam como todas as “viagens da alma” medievais: a Divina Comédia de Dante. A erudição racional não conhece nenhum intermediário entre fato e ficção, e já que essas ilhas ocidentais, e muito menos o Inferno, o Purgatório e o Paraíso não existem, o que ali acontece tem que ter sido inventado. Mas os eruditos racionais em geral ignoram o funcionamento da mente criativa. Não conhecem esses êxtases nos quais o poeta contempla “formas mais reais que o homem vivente” que logo trata de captar em verso. Se os conhecessem, as chamariam de alucinações.

O treinamento dos Cabalistas e Sufis, sujeito como o estava a suas convicções religiosas e aos ensinamentos de seus livros sagrados, conduzia o viajante imaginativo a encontrar um mundo com uma topografia e população definidas. Obviamente, as versões judaica e muçulmana diferiam, salvo, talvez, no terreno em que os anjos e seus céus davam indícios da presença de Yahveh, ou Alhah. Mas as duas eram consequentes. O propósito de visitar essas regiões por meio da meditação era a purificação da alma através da experiência dos mundos superiores, não a indulgência na Disneylândia astral, familiar aos consumidores de alucinógenos. Os devotos esperavam se encontrar com a confirmação de sua fé, a qual, na maioria das vezes, conseguiam. Se seus relatos eram copiados e circulavam, era para alentar a outros e fortalecer toda a trama. Só surgia a torpeza quando a sublimidade da experiência tornava os viajantes insubordinados ao dogma exotérico e, voltando à Terra, emitiam opiniões heréticas. Por arrebatamentos assim os sufis Al-Achaj e Sohrawardi foram executados.

Certamente, Dante não descreve um cosmos judeu ou muçulmano, mas sim um baseado em uma doutrina cristã e especialmente escolástica, e muito colorido, especialmente no Inferno, por suas próprias inclinações pessoais e políticas. Sua narração é tão circunstancial, tão vívida, detalhada e poeticamente memorável, que por séculos alimentou a imaginação de seus compatriotas. Ler Dante ou qualquer outro trabalho sobre a imaginação visionária, é compartilhar de modo passivo essa experiência, que é tudo o que a maior parte de nós pode esperar ou desejar. Mas não se deve menosprezar o poder destes trabalhos da imaginação. Suas imagens míticas e símbolos se alojam em nossas próprias almas e povoam o mundo interior de nossos sonhos. Na grande maioria dos casos, são mais fortes que as personalidades às quais invadem e doutrinam. O cristão medieval, que vivia sua vida envolvido nos relatos, cantos, poesia e imagens visuais da fé cristã, não podia ser outra coisa além de cristão. Da mesma forma, o muçulmano medieval tinha que ser muçulmano. Um estava tão convencido de um céu de santos e anjos cantando, como, o outro, de um jardim do Paraíso cheio de núbeis virgens. Cada um estava verdadeiramente disposto a arriscar sua vida combatendo contra o outro.

Poucos séculos depois de Dante, Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, desenvolveu um sofisticado método de imaginação ativa que serviu exatamente para o propósito de doutrinação. Seus exercícios espirituais estavam destinados a ser a base da educação jesuíta, especialmente para aqueles que se uniam à Ordem, mas também em versões modificadas para meninos e laicos. A parte central dos exercícios era a imaginação de episódios dos Evangelhos, que deviam ser evocados internamente com a maior realidade e detalhe que fosse possível. Não só despertava os sentidos internos mas também as emoções, para que os sofrimentos de Jesus, os gozos e os pesares de Maria, etc., se convertessem nos do espectador. A imaginação tem um poder tal que, em casos excepcionais, através de algum processo psicofísico inexplicável pela ciência médica, aparecia um estigma no corpo do devoto.

A confiança que os jesuítas tinham no efeito formador da imaginação também os levou a se converterem em pioneiros nas artes do teatro e da arquitetura teatral que, enquanto cativavam e divertiam, imprimiam as imagens desejadas nos sentidos internos e o alma. Não é de estranhar que Athanasius Kircher, um jesuíta, que encabeçou o desenvolvimento da “lâmpada mágica” e que descreveu as primeiras imagens da luz em movimento. O que poderia haver feito com o cine!

No século dezoito ocorreu um dos acontecimentos mais fenomenais no mundo da imaginação: o responsável foi Emmanuel Swedenborg, cientista e estadista reconhecido. Quando jovem, Swedenborg havia estudado as práticas cabalísticas na comunidade judaica de Londres e havia penetrado em alguns dos segredos da respiração controlada e da yoga sexual, como poderíamos chamá-la hoje. Isso assentou as bases para que pudesse penetrar, em 1744, na idade de 56 anos, nos céus e infernos do universo. Passou o resto de sua longa vida escrevendo tratados teológicos baseados em suas visões. Suas intermináveis crônicas sobre conversações com os espíritos são, frequentemente, cômicas – e ele era bem consciente disso; não obstante, não há nenhuma sugestão de que a experiência fosse imaginaria ou meramente alegórica. Swedenborg humildemente aceitou seu papel como portador de uma nova revelação de Deus para a humanidade e como fundador de uma nova Igreja para uma nova era.

O que mais pode fazer um visionário, uma vez que se entregou, de corpo e alma, ao poder da imaginação? Não pode pôr em dúvida que o mundo celeste que lhe foi revelado com realidade tão palpável possa não ser um artigo genuíno.

O começo do século dezenove viu um desenvolvimento adicional na exploração do mundo imaginal. Os seguidores de Anton Mesmer descobriram que as pessoas, em geral as mulheres, que haviam sido colocadas sob transe hipnótico, podiam, às vezes, descrever lugares que não eram desta Terra, e responder perguntas acerca de coisas que nunca conheceram em estado de vigília. Alguns, como Swedenborg e Dante, tinham podido conversar com espíritos de mortos e, portanto, descrever o mundo que supostamente nos espera depois da morte. Não importa que os “espíritos” fossem frequentemente descobertos em disparates e mentiras (como Swedenborg já havia notado), ou que os diversos relatos de outros mundos fossem contraditórios: os médiuns diziam o que seus ouvintes estavam ansiosos para ouvir.

A grande questão sobre o que se experimenta na imaginação ativa tange à sua objetividade. Os sufis da Pérsia, principalmente Sohrawardi, afirmaram que o mundo de Hurqalya ao qual acessavam interiormente era, na verdade, um mundo objetivo, mas sem um substrato material. Portanto, outros seguindo a mesma prática chegavam aos mesmos lugares, tão certamente como dois viajantes a Bagdá estariam de acordo de que haviam visitado a mesma cidade. O mesmo princípio se aplica à prática cabalística, ainda que aí a experiência tenda a ser matematicamente mais abstrata.

Uma possibilidade que não costuma ser levada em conta é que estes filósofos-místicos tenham efetivamente encontrado uma saída da Caverna de Platão para o Mundo Real (ver o quinto artigo desta série, ”A Tradição Platônica”). Na filosofia platônica este é, definitivamente, um mundo objetivo mais real que o material. Mas como explicar as diferenças impressionantes entre o que ali é encontrado dependendo de qual é a religião do filósofo? Enquanto o filósofo de Platão se encontrava com os deuses gregos, o sufi encontra anjos e “mestres que ascenderam”. Os cabalistas podem explorar, órgão por órgão e pelo por pelo, o corpo macrocósmico de seu Deus. Os cristãos, como Dante e Swedenborg, provavelmente viam o Inferno e o Céu, e assim sucessivamente. As diferenças são suficientes para que o agnóstico moderno não-viajante se torne completamente cético acerca da objetividade do outro Mundo.

É como se cada religião, e cada seita, fosse uma espécie de clube exclusivo. As mentes dos membros estão cheias, desde a infância, de um conjunto de ideias e símbolos que estruturam seu mundo imaginativo, sua filosofia e suas expectativas de vida após a morte. As catedrais e igrejas medievais eram depositárias dessas imagens e símbolos, e meios de doutrinamento no melhor sentido; pois quando há consenso imaginal em uma sociedade, a discórdia é reduzida ao mínimo. Quando essas pessoas pouco comuns, dotadas e treinadas para as práticas esotéricas, embarcavam em suas meditações, o faziam dentro desse mesmo consenso. Eles viam, ouviam, sentiam e cheiravam um ambiente que podia ser novo e cheio de maravilhas e surpresas, mas que ainda estava controlado por sua fé e suas expectativas. Só quando o místico fosse além dos sentidos internos estaria liberado do que havia aprendido através dos sentidos externos. Então, como todos os estudantes de misticismo sabem, as descrições se tornam inseguras: o místico não pode encontrar palavras para a experiência. Tudo é luz, unidade e paradoxos onde a mente racional não tem em que se apoiar.

Posto que a maioria de nós (e eu, enfaticamente, me incluo) não somos especialistas em viajar no mundo interno do imaginal, penduramos nas paredes dos palácios de nossa imaginação quadros que outros nos deram. Se tivemos sorte, nossos pais começaram o processo contando histórias e nos dando livros com páginas que encheram nossas imaginações com imagens arquetípicas de animais falantes, heróis e heroínas, lugares distantes, comédia e tragédia. Talvez eles também nos tenham criado em uma das tradições religiosas ricas em imagens. Podemos ter deixado seus dogmas para trás enquanto crescíamos, mas sua mitologia é um poço do qual nunca deixaremos de extrair coisas.

Se fomos desafortunados, nossos pais nos colocaram em frente à televisão. E essa é a medida do abismo entre o mundo imaginal dos pobres e ignorantes camponeses medievais e o dos camponeses de hoje.

quarta-feira, 19 de março de 2014

INDIGNAÇÃO....Para sua análise !!!!



O QUE FOI 31 DE MARÇO DE 1964


Gostaria de dizer algumas coisas sobre o que aconteceu no dia 31/03/1964 e nos anos que se seguiram. Porque concluo, diante do que ouço de pessoas em quem confio intelectualmente, que há algo muito errado na forma como a história é contada. Nada tão absurdo, considerando as balelas que ouvimos... sobre o "descobrimento" do Brasil ou a forma como as pessoas fazem vistas grossas para as mortes e as torturas perpetradas pela Igreja Católica durante séculos. Mas, ainda assim, simplesmente não entendo como é possível que esse assunto seja tão parcial e levianamente abordado pelos que viveram aqueles tempos e, o que é pior, pelos que não viveram. Nenhuma pessoa dotada de mediano senso crítico vai negar que houve excessos por parte do Governo Militar. Nesta seara, os fatos falam por si e por mais que se tente vislumbrar certos aspectos sob um prisma eufemístico, tortura e morte são realidades que emergem de maneira inegável.

Ocorre que é preciso contextualizar as coisas. Porque analisar fatos extirpados do substrato histórico-cultural em meio ao qual eles foram forjados é um equívoco dialético (para os ignorantes) e uma desonestidade intelectual (para os que conhecem os ditames do raciocínio lógico). E o que se faz com relação aos Governos Militares do Brasil é justamente ignorar o contexto histórico e analisar seus atos conforme o contexto que melhor serve ao propósito de denegri-los.

Poucos lembram da Guerra Fria, por exemplo. De como o mundo era polarizado e de quão real era a possibilidade de uma investida comunista em território nacional. Basta lembrar de Jango e Jânio; da visita à China; da condecoração de Guevara, este, um assassino cuja empatia pessoal abafa sua natureza implacável diante dos inimigos.

Nada contra o Comunismo, diga-se de passagem, como filosofia. Mas creio que seja desnecessário tecer maiores comentários sobre o grau de autoritarismo e repressão vivido por aqueles que vivem sob este sistema. Porque algumas pessoas adoram Cuba, idolatram Guevara e celebram Chavez, até. Mas esquecem do rastro de sangue deixado por todos eles; esquecem as mazelas que afligem a todos os que ousam insurgir-se contra esse sistema tão "justo e igualitário". Tão belo e perfeito que milhares de retirantes aventuram-se todos os anos em balsas em meio a tempestades e tubarões na tentativa de conseguirem uma vida melhor.

A grande verdade é que o golpe ou revolução de 1964, chame como queira, talvez tenha livrado seus pais, avós, tios e até você mesmo e sua família de viver essa realidade. E digo talvez, porque jamais saberemos se isso, de fato, iria acontecer. Porém, na dúvida, respeito a todos os que não esperaram sentados para ver o Brasil virar uma Cuba.

Respeito, da mesma forma, quem pegou em armas para lutar contra o Governo Militar. Tendo a ver nobreza nos que renunciam ao conforto pessoal em nome de um ideal. Respeito, honestamente. Mas não respeito a forma como esses "guerreiros" tratam o conflito. E respeito menos ainda quem os trata como heróis e os militares como vilões. É uma simplificação que as pessoas costumam fazer. Fruto da forma dual como somos educados a raciocinar desde pequenos. Ainda assim, equivocada e preconceituosa.

Numa guerra não há heróis. Menos ainda quando ela é travada entre irmãos. E uma coisa que se aprende na caserna é respeitar o inimigo. Respeitar o inimigo não é deixar, por vezes, de puxar o gatilho. Respeitar o inimigo é separar o guerreiro do homem. É tratar com nobreza e fidalguia os que tentam te matar, tão logo a luta esteja acabada. É saber que as ações tomadas em um contexto de guerra não obedecem à ética do dia-a-dia. Elas obedecem a uma lógica excepcional; do estado de necessidade, da missão acima do indivíduo, do evitar o mal maior.

Os grandes chefes militares não permanecem inimigos a vida inteira. Mesmo os que se enfrentam em sangrentas batalhas. E normalmente se encontram após o conflito, trocando suas espadas como sinal de respeito. São vários os exemplos nesse sentido ao longo da história. Aconteceu na Guerra de Secessão, na Segunda Guerra Mundial, no Vietnã, para pegar exemplos mais conhecidos. A verdade é que existe entre os grandes Generais uma relação de admiração.

A esquerda brasileira, por outro lado, adora tratar os seus guerrilheiros como heróis. Guerreiros que pegaram em armas contra a opressão; que sequestraram, explodiram e mataram em nome do seu ideal. E aí eu pergunto: os crimes deles são menos importantes que os praticados pelos militares? O sangue dos soldados que tombaram é menos vermelho do que o dos guerrilheiros? Ações equivocadas de um lado desnaturam o caráter nebuloso das ações praticadas pelo outro? Penso que não. E vou além. A lei de Anistia é um perfeito exemplo da nobreza que me referi anteriormente. Porque o lado vencedor (sim, quem fica 20 anos no poder e sai porque quer, definitivamente é o lado vencedor) concedeu perdão amplo e irrestrito a todos os que participaram da luta armada. De lado a lado. Sem restrições. Como deve ser entre cavalheiros. E por pressão de Figueiredo, ressalto, desde já. Porque havia correntes pressionando por uma anistia mitigada.

Esse respeito, entretanto. Só existiu de um lado. Porque a esquerda, amargurada pela derrota e pela pequenez moral de seus líderes nada mais fez nos anos que se seguiram, do que pisar na memória de suas Forças Armadas. E assim seguem fazendo. Jogando na lama a honra dos que tombaram por este país nos campos de batalha. E contaminando a maneira de pensar daqueles que cresceram ouvindo as tolices ditas pelos nossos comunistas. Comunistas que amam Cuba e Fidel, mas que moram nas suas coberturas e dirigem seus carrões. Bem diferente dos nossos militares, diga-se de passagem.

Graças a eles, nossa juventude sente repulsa pela autoridade. Acha bonito jogar pedras na Polícia e acha que qualquer ato de disciplina encerra um viés repressivo e antilibertário. É uma total inversão de valores. O que explica, de qualquer forma, a maneira como tratamos os professores e os idosos no Brasil. Então, neste dia 31 de março, celebrarei aqueles que se levantaram contra o mal iminente. Celebrarei os que serviram à Pátria com honra e abnegação. Celebrarei os que honraram suas estrelas e divisas e não deixaram nosso país cair nas mãos da escória moral que, anos depois, o povo brasileiro resolveu por bem colocar no Poder.
Enviado pelo Ir.'. Manoel Oliveira Leite

terça-feira, 18 de março de 2014

MEMÓRIA E DOENÇA DE ALZHEIMER


Até o fim do século XIX os idosos eram considerados  uma boa fonte de informações para  esclarecer os mais diversos assuntos. Não havia computadores, internet ou outros meios  disponíveis  neste século XXI.

Dr. Luiz Freitag
Médico Geriatra
As pessoas, em geral, muitas vezes recorrem à memória como um guia  mas se queixam  de não lembrar de vários de vários fatos ou textos necessários para os estudos. A partir dos sessenta anos pioram as dificuldades para memorizar, não para todos. Hoje em dia não se  pode afirmar  que com o passar dos anos as lembranças vão desaparecendo.  O que ocorre é que o próprio cérebro vai selecionando o que é melhor conservar  para determinado indivíduo, de acordo com as ligações com outras recordações que ele tiver.

Mesmo no Brasil são conhecidas pessoas com mais de oitenta anos que mantém a memória em bom estado, digamos assim. É claro que estamos nos referindo a  homens e  mulheres   com boa saúde, mesmo se mantida com medicamentos. Pequenos lapsos de memória  se repetidos diariamente devem ser investigados, não só nos idosos a  partir de 60 anos como  nos mais jovens.

O que sempre chama mais atenção  é a perda de lembranças para fatos corriqueiros recentes e depois para os mais antigos. Nessa situação, vamos nos deter um pouco sobre a doença de Alzheimer. O  que se sabe até hoje é que ela é causada por encurtamento do número de neurônios com lesão no telômero  (parte final de um neurônio) e pelo aparecimento de uma proteína, que se deposita no cérebro, denominada beta-amilóide. Muitas pesquisas estão sendo realizadas para descobrir como combater essa proteína.

O primeiro caso relatado foi pelo médico alemão Alois Alzheimer em 1910 em uma costureira  de baixa renda  e intelecto pouco desenvolvido. A partir daí se associou a doença às classes mais pobres e com menor estudo.

Após cem anos,  essa informação já não se sustenta mais pois sabemos de inúmeros  casos, tanto no Brasil como em outros países, de portadores de Alzheimer  muito inteligentes e com grande bagagem cultural. O que se pode dizer atualmente é que esta doença está relacionada com a idade avançada, na maioria dos casos relatados.

Nos Estados Unidos existe a Associação dos portadores de Alzheimer, que publicou  um texto contendo  10 sinais mais conhecidos para identificar  a doença:

1. Perda de memória- é a mais significativa e piora com o passar dos dias;

2. Grande dificuldade em solucionar  pequenos problemas do dia a dia;

3. Dificuldade em completar pequenas tarefas como programar o micro-ondas;

4. A pessoa começa a confundir a passagem do tempo, não consegue lembrar o dia de hoje,  não sabe em qual mês está,não acerta um caminho que era conhecido;

5. Visão prejudicada em identificar pessoas e, em estágio mais avançado, a própria pessoa não mais se reconhece no espelho;

6. Problemas para manter uma conversação em grupo;

7. Coloca coisas fora do lugar de sempre e não encontra. Acusa outras pessoas de estarem roubando seus óculos ou seu dinheiro;

8. Perda da noção de asseio diário. Faz uma grande dívida sem ter como pagá-la;

9. Começa a se afastar dos amigos, parentes ou até filhos. Perde o convívio social;

10. Apresenta alterações de humor, fica  confusa ,deprimida,com medo de que vá acontecer alguma desgraça para ela.

Todos estes itens devem  ser avaliados por um médico neurologista ou psiquiatra para estudo do caso.
   
Recentemente, foi divulgada notícia sobre uma pesquisa pioneira nos Estados Unidos, com teste sanguíneo para avaliar se, em  três  anos próximos, um paciente poderá desenvolver a doença de Alzheimer. Vamos aguardar os resultados.

Luiz Freitag 

domingo, 9 de março de 2014

Seja um Cavalheiro


1. Ainda que convencido de que seu oponente está errado, renda-se graciosamente, evite seguir com a discussão, ou deliberadamente mude de assunto, mas não defenda obstinadamente sua opinião até ficar irritado… Há muitos que, expressando opinião como se fossem leis, defendem posições com frases do tipo “Se eu fosse presidente, ou governador, iria…”, — e embora pelo calor do argumento só comprovem que são incapazes de governar o próprio temperamento, seguirão tentando persuadi-lo de que são perfeitamente competentes para liderar a nação.

2. Mantenha, se puder, uma opinião política fixa. Não a exponha em todas as ocasiões e, acima de tudo, não se proponha a forçar os outros a concordar com você. Ouça calmamente as ideias deles e, se não puder concordar, discorde polidamente e consiga que seu oponente, porquanto considere suas opiniões erradas, se veja obrigado a reconhecer que você é um cavalheiro.

3. Nunca interrompa ninguém; é rude apontar uma data ou um nome que a pessoa esteja hesitando em dizer, a não ser que te peçam para fazer isso. Outro erro crasso de etiqueta é antecipar algum ponto da história que a pessoa está contando, ou terminar a frase para roubar o final para si. Algumas pessoas justificam isso dizendo que o orador estava estragando uma boa história, mas isso não justifica. É muito grosseria deixar um homem entender que você não o considera apto a terminar uma anedota que ele começou.

4. É falta de educação se mostrar cansado durante o discurso de outra pessoa, e é muita grosseria olhar para o relógio, ler uma carta, folhear um livro, ou qualquer outra ação que mostre que você está entediado com o orador ou com o assunto.

5. Nunca fale quando outra pessoa está falando, e nunca eleve a voz para cobrir a dos outros. Não fale de maneira ditatorial e faça com que sua conversa seja sempre amável e franca, livre de afetações.

6. Nunca, a não ser que peçam, fale dos seus negócios ou profissão em público. Confinar a conversa apenas à sua própria especialidade é vulgar. Faça o assunto se adequar à companhia. Conversas leves e alegres são, de vez em quando, tão desnecessárias quanto sermões numa festa, então deixe que o assunto seja grave ou feliz de acordo com o tempo e lugar.

7. Numa briga, se você não tem como reconciliar as partes, se abstenha. Você certamente faria um inimigo, talvez dois, ao tomar um lado numa discussão onde ambos os lados já perderam a calma.

8. Nunca chame a atenção apenas para si. É rude entrar numa conversa com um grupo e tentar tirar algum dos participantes dele para um diálogo.

9. Um homem inteligente é geralmente modesto. Ele pode sentir que é intelectualmente superior em sociedade, mas não procura fazer os outros se sentirem inferiores, nem mostrar sua vantagem em relação a eles. Ele discutirá com simplicidade os tópicos propostos pelos outros, e evitará aqueles que os outros não consigam discutir. Tudo que ele diz é marcado pela polidez e deferência aos sentimentos e opiniões dos outros.

10. Escutar com interesse e atenção é uma conquista tão válida quanto falar bem. Ser bom ouvinte é indispensável para ser um bom orador, e é no papel de ouvinte que você você consegue detectar mais facilmente se um homem é educado para a vida social.

11. Nunca escute a conversa de duas pessoas que se afastaram de um grupo. Se elas estão tão próximas que não há como evitar ouvi-las, você pode, apropriadamente, mudar de lugar.

12. Faça que sua parte da conversa seja tão modesta e breve quanto consistente com o assunto em debate, e evite longos discursos e histórias tediosas. Se, no entanto, outra pessoa, particularmente mais velha, conta um caso mais longo, escute respeitosamente até que ela termine, antes de falar novamente.

13. Fale pouco de si. Seus amigos conhecerão suas virtudes sem forçá-lo a nomeá-las, e você pode estar certo de que é igualmente desnecessário expor você mesmo seus defeitos.

14. Se você aceita a lisonja, deve também aceitar quando inferem que você é bobo e convencido.

15. Ao falar de seus amigos, não compare uns aos outros. Fale dos méritos de cada indivíduo, mas não tente aumentar as virtudes de um ao contrastá-las com os vícios de um outro.

16. Evite, numa conversa, todo assunto que possa ferir alguém ausente. Um cavalheiro nunca calunia ou dá ouvidos à calúnia.

17. O homem mais sagaz se torna chato e mal educado quando pretende atrair toda a atenção de um grupo no qual deveria interpretar um papel mais modesto.

18. Evite frases feitas, e faça citações raramente. Elas às vezes temperam uma conversa, mas quando se tornam hábito constante, são extremamente tediosas e de mau gosto.

19. Não seja pedante; é uma marca, não de inteligência, mas de estupidez.

20. Fale sua língua corretamente; ao mesmo tempo não seja maníaco em relação à formalidade e correção das frases.

21. Nunca repare se outros cometem erros de linguagem. Pontuar isso verbalmente ou por olhar, naqueles ao seu redor, é falta de educação.

22. Se o assunto é de trabalho ou científico, evite o uso de termos técnicos. São de mau gosto, porque muitos não entenderiam. Entretanto, se você os usa inconscientemente numa frase, não cometa o erro maior de explicar o significado. Ninguém o agradecerá por destacar-lhes a ignorância.

23. Ao conversar com um estrangeiro que não fale Inglês corretamente, escute com atenção, mas não sugira uma palavra ou frase se ele hesitar. Acima de tudo, não demonstre por ação ou palavra se está impaciente com as pausas e erros do orador. Se você entender a língua dele, avise isso assim que se falarem; não é uma exibição do seu conhecimento, mas uma gentileza, já que um estrangeiro ficará feliz em falar e ouvir a língua materna num país estranho.

24. Tenha cuidado, em sociedade, para nunca se colocar no papel de bufão, ou logo você será conhecido como o “engraçado” da turma, e nada é mais perigoso para a dignidade de um cavalheiro. Você se expõe à censura e ao ridículo, e pode estar certo que, para cada pessoa que ri com você, duas riem de você, e para cada um que o admira, dois assistem a tudo com reprovação.

25. Evite se gabar. Falar de dinheiro, boas relações ou do luxo à sua disposição é de mau gosto. É indelicado falar da sua intimidade com pessoas importantes. Se os nomes deles ocorrerem naturalmente no curso da conversa, tudo bem; mas ficar constantemente citando, “meu amigo, o Governador,” ou “meu amigo íntimo, o Presidente,” é pomposo e de mau gosto.

26. Quando se recusar a fazer piadas, não demonstre desprezo pela alegria alheia. É mal educado propor assuntos graves quando uma conversa prazerosa está ocorrendo. Junte-se à diversão e esqueça seus problemas mais graves, e você será mais popular do que se tentar converter a alegria inocente em discussão grave.

27. Quando em sociedade com acadêmicos, não os questione sobre seus trabalhos. Mostrar admiração por um autor é de mau gosto, mas você pode ser gracioso se, com um citação ou referência, mostrar que é um leitor e que aprecia a obra.

28. É extremamente rude e pedante, numa conversa geral, fazer citações em língua estrangeira.

29. Usar frases de duplo sentido não é cavalheiresco.

30. Se estiver ficando irritado com a conversa, mude de assunto ou fique em silêncio. Você pode dizer, num arroubo de paixão, palavras que nunca usaria num momento mais calmo, e as quais você lamentaria depois de dizer.

31. “Nunca fale de cordas para um homem cujo pai foi enforcado” é um ditado vulgar, mas popular. Evite assuntos que possam ferir personalidades e assuntos de família. Evite, se puder, conhecer os segredos de seus amigos, mas se algum lhe for confidenciado, nunca o revele a terceiros.

32. Se você é viajado, não fale constantemente disso. Nada é mais cansativo do que um homem que começa todas as frases com, “Quando estive em Paris,” ou, “Na Itália eu vi…”

33. Quando fizer perguntas sobre pessoas que não conhece num salão, evite usar adjetivos; ou você pode perguntar à uma mãe, “Quem é a garota feia, esquisita?” e receber como resposta, “Senhor, aquela é minha filha.”

34. Evite a fofoca; numa mulher é detestável, mas num homem é simplesmente desprezível.

35. Não ofereça assistência ou conselho à sociedade geral. Ninguém irá agradecê-lo por isso.

36. Evite a lisonja. Um elogio delicado é permitido numa conversa, mas o excesso é rude, vulgar, e para pessoas sensíveis, repugnante. Se você lisonjeia seus superiores, eles deixam de confiar em você, acreditando que você tem algum motivo egoísta; se lisonjeia damas, elas o desprezam, por pensarem que você não tem outro assunto.

37. Uma dama de bom senso se sentirá mais elogiada se você conversar com ela sobre assuntos interessantes e instrutivos, ao invés de apenas sobre sua beleza. Neste caso ela concluirá que você a considera incapaz de discutir assuntos elevados, e você não pode esperar que ela fique satisfeita em ser considerada uma pessoa boba e vaidosa, que precisa ser adulada para ficar de bom humor.

Livre tradução de A Gentleman’s Guide to Etiquette, de Cecil B. Hartley


Enviado pelo Ir.'. João Fábio Giória

quarta-feira, 5 de março de 2014

Para sua Ciência e Avaliação

EU NÃO DISSE?

HEITOR DE PAOLA

28/02/2014

Tão logo começou o chamado “julgamento do século” (putz!) em agosto de 2013 eu percebi que não se tratava de um circo montado para enganar a classe supostamente letrada do País e escrevi um artigo Panem et CircensisEscrito em 3 de agosto fui alvo de críticas por não dar crédito à “insuspeita” máxima instituição judiciária da Nação. Um verdadeiro delírio de vingança anti-petista totalmente baseado em wishful thinking tomou conta dos bem pensantes conservadores: agora vai! O STF vai por na cadeia esta corja de petistas canalhas. Pensei “esperem e verão”. Quando houve as condenações e vimos os mesmos sendo levados ao xilindró com a mão na velha saudação comunista, o delírio foi aos píncaros. E eu continuei pensando e dizendo para quem queria me fazer ver a realidade “esperem e verão”. Quando se discutiram os embargos infringentes alguns começaram a duvidar, mas o delírio se impôs e pensavam e diziam: é claro que eles não vão aprovar. Eu esperava, acreditando que iam sim.

Ora, só faltavam dois votos para virar o jogo e o PT não iria perder esta. Deu no que deu. Agora não espero mais, grito com prazer sádico EU NÃO DISSE?

A maioria mostra-se decepcionada, eu não porque nunca me iludi. Sempre repetia: esta turma não vai pra cadeia e se for sai!

As palavras do Barbosa não passam de tergiversações, pois ele sabia desde o início o que iria acontecer. Não é por acaso que ele sempre votou no PT. Demais, o momento triste para o STF não foi ontem. Foi quando aceitaram fazer julgamentos como novelas da Globo, pior, televisionados ao vivo! Abdicaram de sua honrosa função jurídica para fazer espetáculos circenses, abriram mão da solenidade inerente à função tornando-se partícipes de uma farsa.

Mas é preciso transparência, não? Se é, eles ontem também julgaram com transparência e ninguém tem nada a se queixar. Assistiram à segunda parte do ridículo espetáculo, reclamam de quê? O fim da novela não lhes agradou? A mim já não agradou desde o início.

A ilusão com um Happy End é por ignorância de como funciona um partido revolucionário. Perceberam só agora que tá tudo dominado MESMO? Não é uma frase vã, é a pura verdade. Não existe Judiciário independente neste País há muito tempo. Nem forças armadas, nem nada!

A dica estava no voto de uma das Ministras, não lembro qual das duas, que declarou que lamentava ter que condenar “uma pessoa com a biografia de luta pela democracia” como o Genoíno. Bela biografia: terrorista, guerrilheiro, assassino - em potencial ao menos – cagão e delator: borrou-se todo ao ser preso e entregou toda a guerrilha do Araguaia sem que os militares precisassem sequer tocar num fio de cabelo!

Esperem um pouco mais sem acreditar e logo, logo, seremos uma Venezuela. Aí vão lamentar não dar ouvidos a que conhece por dentro esta quadrilha.

Termino com a epígrafe com que comecei o texto citado:

Já há muito tempo, desde quando não vendíamos nossos votos para ninguém, o Povo abdicou de seus deveres, o Povo que outrora detinha comando militar, altos cargos civis, legiões – tudo, enfim – hoje se restringe, e aguarda ansiosamente, a apenas duas coisas: pão e circo (JUVENAL – Sátira X).

sábado, 1 de março de 2014

Eu SOU a MAÇONARIA

 Faz muito tempo que nasci.
Nasci quando os homens começavam a acreditar em um Deus único.
Fui combatida, vilipendiada e até fizeram troça do meu ritualismo e doutrina mas, através dos tempos foram reconhecendo minha seriedade e princípios, acabei sendo reconhecida como uma entidade íntegra que congrega homens íntegros.
As encruzilhadas do mundo ostentam catedrais e templos que atestam a habilidade de meus antepassados.
Eu me empenho pela beleza das coisas, pela simetria, pelo que é justo e pelo que é perfeito. Espalho coragem, sabedoria e força para aqueles que as solicitam.
Para comprovar a seriedade de meus princípios, sobre meus Altares está o Livro Sagrado, a Bíblia, e minhas preces são dirigidas a um
só Deus Onipotente.
Meus filhos trabalham juntos, sem distinções hierárquicas, quer seja em público, quer seja em recintos fechados, em perfeita união e harmonia.
Por sinais e por símbolos, eles ensinam as lições da
Vida e da Morte, as relações do homem para com Deus e dos homens para com os homens.
Estou sempre pronta a acolher os homens que atingindo a idade legal e que sejam possuidores de dotes morais e reputação acima de qualquer reparo, me procuram espontaneamente, pois, não faço proselitismo nem campanhas para angariar adeptos.
Eu acolho esses homens e procuro ensiná-los a utilizar meus utensílios de trabalho, todos voltados para construir uma sociedade melhor.
Eu ergo os caídos e conforto os doentes. Compadeço-me do choro de um órfão, das lágrimas de uma viúva e da dor dos carentes. Não sou uma Igreja nem um partido político, mas meus filhos têm uma grande soma de responsabilidade para com Deus, para com sua pátria, para com seus vizinhos, para com a comunidade em geral.
Não obstante são homens intransigentes na defesa
de suas liberdades e de sua consciência. Propago a imortalidade da
alma porque acredito ser por demais pequena uma só vida no imenso universo em que vivemos. Enfim, sou uma maneira de viver.
Eu sou a Maçonaria !
TFA